Dependências: Uma doença de sentimentos

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17-02-2013
Ana Cristina Pereira, in Revista Público

Uma dependência é uma dependência é uma dependência, seja de álcool, de drogas ilícitas ou de outra coisa qualquer. Nova estratégia nacional incluirá novas dependências, como a Internet ou o jogo. Encontrámos num centro de tratamento em Alcobaça três dependentes que se serviam das novas tecnologias.


Sentado numa poltrona às riscas, o mecânico de 49 anos quase não precisa que se lhe faça pergunta alguma.
"Isto é uma doença terrível. Eu era tesoureiro na junta de freguesia. Lidava com cheques. Às tantas, comecei a levantar dinheiro para meter no jogo. Eu pensava: 'tiro, controlo, ganho, ponho no lugar.' Mas as minhas estratégias foram saindo furadas e eu fui tirando, fui tirando. Um dia, percebi que estava tudo fora de controlo. já tinha tirado 40 mil euros. Escrevi uma carta ao presidente da junta de freguesia e outra ao secretário a contar o que se passava. Eram pessoas sérias, confiavam em mim. Disse-lhes que me demitia, que não tinha como pagar aquilo, que participassem ao Ministério Público, fosse a quem fosse, só lhes pedia que respeitassem a minha família, que é gente simples, mas cumpridora.

Nessa mesma semana, os meus familiares toram à junta levar 40 mil euros. Eu estava num quarto fechado, escuro, num desespero." Não está a falar de slot machines, roleta, blackjack, póquer e outros jogos de casino. O que o mantinha colado ao ecrã do computador ou do telemóvel eram flutuações no mercado financeiro.

Nem ouvia os apelos da mulher nas manhãs frias, chuvosas: "Deixa-te estar, fica aqui." Às 7h00, saltava da cama. Quando entrou no centro internacional de tratamento Villa Ramadas, em Alcobaça, não se via como dependente, apesar de conhecer o amargo da ressaca. "Ressacava quando perdia. Enquanto não arranjasse dinheiro, não passava. Era como os toxicodependentes. Quando o corpo pede, fazem tudo para conseguir droga. Nós, adictos, somos muito bons a conseguir a nossa droga. Cheguei a chorar em frente a um irmão para que ele me emprestasse cinco mil ou dez mil euros."

O que define um dependente? "Ter os pensamentos e os comportamentos orientados para uma finalidade apenas", responde Judite Fortuna. "Tem muito a ver com obsessão, com ter dificuldade de se travar, de se autodominar. As suas potencialidades, o seu poder criador, a sua imaginação, a sua relação com os outros, a sua visão da vida, tudo distorcido."
Tudo começou com a privatização da EDP. Aconselhado a comprar acções, o mecânico ganhou algum dinheiro.

Entusiasmado, comprou acções de outras empresas. Descobriu os warrants, instrumentos usados nos mercados que dão ao titular o direito de comprar acções no futuro por um preço pré-definido. "Têm outras oscilações de preço. São produtos muito perigosos. Tanto podia ganhar 5 mil euros como perdê-los num dia."

"Muitas vezes ia a conduzir com uma mão e com a outra a segurar o telemóvel para acompanhar a evolução. Estive para ter acidentes." Nem sabe como não foi dispensado da multinacional que o emprega há 24 anos. "Trabalhava meia hora, fugia para fumar um cigarro." Embora a aplicação seja simples, a avaliação daqueles produtos é complexa. Faltava-lhe conhecimento. Seguia impulsos. "Ganhava oito dias, 15 dias, um mês. Num dia ou dois perdia tudo."

Perder era entrar em ressaca. E ressacar era sentir "um aperto no peito, não conseguir comer, nem dormir". Perdeu muito dinheiro. Pelos seus cálculos, uns 150 mil euros. Se o pai não lhe tivesse deixado uma boa herança, "talvez já nem tivesse casa nem carro". Nos últimos dois invernos, não houve aquecimento central lá em casa. Doía-lhe ver os filhos irem para a cama a queixarem-se do frio.

Brigas, muitas. A mulher e a filha chegaram a esconder-lhe o computador. "Virava a casa. É como uma pessoa que está com fome e pensa que há comida dentro de casa." Correu psiquiatras com uma depressão. Toda a sua saúde se ressentia. "Não tomava um pequeno-almoço normal, fumava desalmadamente. Às vezes, nem fazia a higiene dentária. As horas vagas eram todas gastas a pensar em estratégias para não falhar." Chegou a desejar ser despedido da fábrica. "Já fazia contas de cabeça. Receberia 40 mil ou 50 mil euros de indemnização e iria jogar. A única forma que eu via de me estabilizar financeiramente e de ser feliz era jogar."

"As novas dependências não têm qualquer tipo de enquadramento, qualquer tipo de apoio, o que deixa as famílias muito desesperadas", observa Judite Fortuna. Pagando, para Villa Ramadas confluem viciados em Internet, jogo, sexo, medicamentos e outros comportamentos. "Pela nossa experiência, é tão debilitante para uma família uma dependência de Internet como de cocaína ou de heroína."

Há muito que João Goulão defende uma estratégia nacional que abarque comportamentos aditivos não associados ao consumo de álcool ou de drogas ilícitas, como a Internet, o jogo ou as compras. Acontecerá em moldes que o director do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências só lá para Junho será capaz de precisar. "Estamos ainda a fazer compilação de documentos, a consultar entidades. Hoje mesmo [terça-feira] vou ter uma reunião com uma pessoa do departamento de jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa."

Para já, o Estado só dá consulta e comparticipa o tratamento em comunidade terapêutica de dependentes de álcool ou drogas ilícitas. João Goulão admite que a nova estratégia possa passar por alargar os acordos às novas dependências. "Os mecanismos cerebrais são mais ou menos comuns." As novas dependências, porém, configuram "comportamentos relativamente aos quais não há ainda um saber construído", que permita "ser muito definitivo quanto à estratégia a desenvolver".

Em Villa Ramadas, o programa está orientado para "a solução". "Consideramos que uma dependência é um sinal de que a pessoa não está capaz de organizar, de forma articulada, todos os seus pensamentos, emoções, comportamento", explica Judite Fortuna. "Não encontra forma de se sentir bem consigo, bem com o mundo, encontra uma escapatória, um alívio imediato para a sua insatisfação, para o seu mal de alma." A solução passará então por "encontrar o seu lugar no mundo, identificar objectivos e formas de os concretizar, vivenciar o seu potencial de forma satisfatória".

Combinando terapia individual com terapia de grupo, o mecânico concluiu que o seu problema é antigo. "Percebi que sou adicto desde puto, não há dez anos. Adição é não conseguir parar. Gostava de tudo o que fosse jogo- sueca, bilhar, máquinas, futebol. Fui substituindo uns pelos outros. Este foi o que durou mais anos e o que me causou mais danos. Se não parava, perdia tudo."

Encara agora a Internet como "uma ferramenta boa" que, nas suas mãos, "se tornou perigosa". Daqui a uns dias, quando for a casa, não terá Internet no telemóvel e irá ao banco desactivar o acesso à conta online. "Se a gente não souber lidar com a doença, arranja maneira, vai ao banco activar, mas a gente tem de ter estratégias e uma delas é não ter a droga ali à nossa frente."

Há rapazes a quem o mecânico pode servir de espelho nas sessões de terapia de grupo que decorrem a cada manhã e a cada tarde numa das salas da quinta. Um deles estava a preparar-se para a alta. Pensando bem, o rapaz, hoje com 22 anos, nota que nunca foi sociável. Ainda pequeno, gastava horas a ver televisão e a jogar- primeiro na consola da irmã, depois no Gameboy oferecido pelos pais. Aos 11 anos, fazia directas com o melhor amigo para jogar na PlayStation 2.

"Sempre a falar baixinho, com medo que a mãe dele nos apanhasse." Quando a mãe lhe ofereceu o computador, enterrou-se no Counter-strike, um jogo de tiro no qual equipas de terroristas e de antiterroristas se confrontam.
No 10.º ano, desastre. "Já só via jogo à minha frente. Inventava desculpas para não ir às aulas. Dizia à minha mãe que estava doente. A minha concentração nas aulas baixou. Comecei a perder as minhas notas." Desistiu. Pediu transferência de Ciências para Informática, só "para estar mais perto dos computadores". Piorou ao descobrir o Omerta, um jogo que recria o universo de gangsters nos anos 1930. "Para subir a pontuação, só tinha de estar lá de meia em meia hora. Isso trazia-me satisfação.

Quando jogava, sentia-me grandioso, importante." Primeiro, deitava-se tarde. Depois, nem dormia direito. "Acordava de meia em meia hora para ir ao jogo e voltava para a cama." Não parava nem nas aulas com computadores. "Abria uma janela pequena e jogava, sempre a ver se o professor chegava." Nos nove meses de tratamento, fez e refez a sua história de vida. Tentou despejar "todos os sentimentos negativos" nesse faz e refaz.

Teve uma briga com um colega no 5.º ano. Sentiu-se tão posto de parte que implorou à mãe para sair do colégio privado. Caiu numa das piores turmas de uma escola pública. Sofreu bulling. Sentiu-se melhor no ano seguinte, o 7.º, ao mudar para uma das turmas com melhor comportamento e notas mais altas.

Só que, passado algum tempo, a vida familiar desabou. A violência estourou à hora do jantar. De súbito, o pai a bater na mãe. "Tentei pará-lo mas, conforme se virou para mim, paralisei." Eis algo que nunca lhe tinha passado pela cabeça. Os pais aos gritos, a ofenderem-se. "Nessa mesma noite, quando dei por mim estávamos num táxi." Ficou uns dias com o amigo. "Sempre fui muito fechado. Nunca quis falar." Jogaram, apenas. Explodiu numa aula de Geografia.

"Simplesmente, pousei a cabeça. Não aguentava mais. Pousei a cabeça na mesa de comecei a chorar, sempre a tapar-me para que ninguém me visse. Tinha vergonha." No início, encontrava-se com o pai uma vez por mês. "Mostrava-me frio. Queria que fosse ele a andar atrás de mim. Estava muito ressentido... " O pai, que sempre fora distante, desapareceu. O rapaz ficou horrorizado quando o chamaram para testemunhar no processo-crime.

Pouca relação mantinha com a família materna. Passara tantos verões com os avós paternos e tudo isso se perdera com o divórcio. Na sala, de um lado estava a mãe e a irmã; do outro o pai e a sua família. "Não sabia se havia de estar num lado ou noutro, se havia de cumprimentá-los ou não, era uma confusão.''

Tanto pedira aos pais para não ser testemunha. Ainda não sabe quem o indicou. "Tive uma discussão horrível com a minha mãe, porque o meu pai disse-me que ela é que me chamou ao tribunal. Gritei com ela e ela disse-me: 'Já pareces o teu pai.' Isso ainda me deu mais raiva. Ela disse-me: 'Só falta começares a bater-me, como ele.' Peguei na carteira, no telemóvel, saí porta fora."

As discussões com a mãe eram frequentes. "A minha maneira de relaxar, de fingir que não aconteciam, era jogar." Nem tudo corria mal. Namorava, por fim. "Comecei a jogar menos. Tinha era mais crises de me sentir mal comigo e de não conseguir sair da cama." Descobriu o World of Warcraft no qual podia assumir um papel de herói no mundo fantástico de Azeroth. "Fiquei completamente agarrado. Era um mundo enorme, em constante actualização. Eu seguia aquilo como se fosse uma religião."

Tornara a mudar de área, desta vez para um Curso de Educação e Formação. Nem por isso conseguira empenhar-se. Abandonou a escola. Tirando o namoro ao fim-de-semana, podia dedicar todas as horas do seu dia ao jogo. Acertou horários para dormir quando a mãe estivesse em casa, levantar-se quando saísse. "Muitas vezes, nem comia. Noutras ia ao supermercado, comprava tudo e mais alguma coisa, enfardava.

No quarto, era só pratos espalhados, garrafas pelo chão. A única escapatória que eu via era ganhar o Euromilhões ou tornar-me jogador profissional." Gastou quatro anos assim. "Quatro anos a inventar desculpas. A pessoa que mais sofria era a minha mãe. Ela arranjou-me psicólogo, trabalho. Os trabalhos nunca duraram mais do que um mês. A psicóloga nem sabia que eu tinha problemas com o computador. Eu nem falava nisso. Estava a ganhar tempo. Até que, um dia, a minha mãe disse-me: 'Ou vais para tratamento ou vais para a rua'." A mãe levou-o ao centro de tratamento, para que ele percebesse o que lhe propunha.

Ele percorreu a quinta, desconfiado. Ouviu-a dizer que tinha duas semanas para pensar. E fechou-se no quarto, em casa, a jogar. Esgotado o prazo, respondeu: “ Se queres a resposta, para já é não.” A assistente de direcção de uma rede hoteleira de topo cortou o acesso à Internet. Já o fizera tantas vezes e em todas o filho retaliara. "Parava de comer, não lhe falava. Sabia que isso a afectava. Era um braço-de-ferro." Daquela vez, ela não cedeu. "Ou vais para tratamento ou vais para a rua."

Ela concedeu-lhe uma semana para se organizar. Como não tinha Internet, o rapaz esgotou o tempo na PlayStation. "Não vou para tratamento, mas também não me tiras de casa", desafiou-a, no dia marcado para sair. Ela pediu ajuda para o expulsar. "Estava num estado de desleixo- cabelo pelos ombros, barba comprida, não tomava banho há muito tempo. Dormi na rua nessa noite. No outro dia, consegui que um amigo com quem jogava me deixasse entrar. Fiquei uma semana em casa dele. Foi uma semana a jogar até que a avó dele passou-se e pôs-me fora."

Mantivera o telemóvel desligado toda a semana, para que a mãe se sentisse preocupada, culpada. "Eu telefonei à minha mãe. Estava desesperado. Queria voltar para casa. Ela manteve-se firme. Disse-me que só me aceitaria se fosse para tratamento. Nem imagino o quanto isso lhe deve ter custado. Ninguém merece passar pelo que ela passou. Desliguei-lhe o telefone."

Telefonou à namorada, que sempre mantivera afastada da mãe, para que não lhe descobrisse os dias. Mesmo "pelos cabelos", a rapariga serviu de intermediária. E ele regressou a casa, na condição de seguir para tratamento na manhã seguinte. "Nunca me considerei adicto. Nem conhecia a palavra. Só conhecia toxicodependentes e alcoólicos. Não me encaixava em nenhum desses tipos." Ainda tentou manipulá-la, chegou a dizer-lhe que preferia morrer. A namorada ordenou-lhe: "Tu vais tomar banho, vais para tratamento e eu e a tua irmã vamos levar-te lá!"

Ali, no centro de tratamento, demorou a admitir a doença. Ajudou-o sentir-se bem-vindo, aceite. "Diziam que eu era igual a elas. E isso dava-me um sentimento de pertença que eu nunca tinha tido. As pessoas, sendo diferentes, identificavam-se comigo. Aos poucos, fui percebendo que usava o jogo da mesma maneira que um toxicodependente ou um alcoólico usa a droga ou o álcool. A adição é uma doença de sentimentos que se repercutem ao nível comportamental."
Há, pelo que dali observa Judite Fortuna, vários modos de ficar viciado nas novas tecnologias. "Os usos são diferentes consoante as idades. As pessoas mais velhas usam muito a Internet para conversas com o sexo oposto, investimentos de alto risco, apostas desportivas; as mais jovens para jogos em rede. Até pelo espírito competitivo próprio destas idades, alguns ficam agarrados à pontuação."

Numa das duas unidades residenciais de Villa Ramadas, está um empresário italiano, de 57 anos, que frequentava sites de encontros.
Estava em crise a relação com a médica radiologista com quem tem uma filha. Discutiam por tudo. Já não praticavam sexo. "Fiz muita confusão porque voltei a beber. Já não bebia há uns 10 ou 12 anos." Passava horas a falar com mulheres que nunca vira. Encantou-se com uma da Costa do Marfim. "Ela mandou-me muitas fotografias, eu também lhe mandei", recorda ele. De um momento para o outro, pedia-lhe dinheiro - "para a renda da casa, para a electricidade, para a Internet, para o telemóvel". E ele apressava-se a enviá-lo.

"Estava sempre a pensar nela. Ela mandava-me mensagens de amor, eu mandava-lhe mensagens de amor." Queria conhecê-la. Queria conhecê-la como nunca quisera conhecer mulher alguma. Ela encontrá-lo-ia, em Itália. Precisava de uns cinco mil euros para bilhete, visa, demonstrar que tinha algum dinheiro para a viagem. "Eu verifiquei com a embaixada. Era tudo verdade. Mandei-lhe esse dinheiro."

Talvez tudo pareça mais compreensível, tendo em conta que o empresário tinha o pensamento toldado pelo álcool. E que a imprensa ainda fazia eco da guerra civil que estourara na Costa do Marfim, na sequência das eleições disputadas por Laurent Gbagbo, então presidente, e por Alassane Ouattara, antigo primeiro-ministro. Ele ansiava ser o herói da rapariga.
Ela não viajou. Precisava de mais dinheiro. Desta vez, para um seguro. Ele ficou desconfiado e, com a ajuda do filho mais velho, descobriu que as fotos que ela mandara nem eram dela, eram de uma modelo. Nem assim conseguia cortar o contacto. "Era um círculo. Como podia mandar mensagens se não tinha dinheiro? Tinha de mandar dinheiro, para ela mandar mensagens. Isto foi um ano. E 20 mil euros."

Procura ali o seu lugar no mundo. Em Itália não encontrou nenhum centro como este. Em Portugal, também foi pioneiro o projecto fundado por Eduardo Silva em 2002. "Estou muito melhor", diz. "Levo o tratamento a sério. Educo-me. Tento disciplinar-me. Passo a passo é a única maneira de fazer isto." Não sabe quando terá alta. De saída está o rapaz dos jogos. A orientação é para quem sai frequentar reuniões de grupos que seguem a chamada filosofia dos 12 passos, como os Alcoólicos Anónimos, os Narcóticos Anónimos, os Jogadores Anónimos ou o Change anel Grow, uma irmandade nova, aberta a todas as dependências.

Esta quarta-feira, o rapaz esteve no "jardim do passado", um terreno à entrada ela comunidade terapêutica, onde quem sai queima os textos que ali escreveu sobre os danos que causou a si e à sua família, sobre a raiva que sentiu de cada vez que tentou e não conseguiu resistir ao vício. Enterrou tudo e pôs-lhe um tijolo em cima. “Computadores para jogar, nunca mais, só para trabalhar.”

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