Guerras e loucuras no escritório-2
Para grandes pressões dos colegas, grandes remédios: comprimidos para a ressaca durante o dia, drogas duras e álcool no gabinete à noite. Com um parêntesis: idas frequentes aos bares de alterne do Porto para desanuviar, muitas vezes acompanhado de clientes, André (nome fictício), agora comercial recuperado de 45 anos, foi desde sempre motivo de falatório, pela aparência física, vida boémia ou promoções rápidas. E as mulheres caíam no colo, eram peças-chave para saber quem conspirava contra si, ou quem fazia queixas dele à direcção.
Aos 30 anos, André chegou a dirigir duas companhias e a ganhar um bom salário (4000 euros por mês, com carro e gasolina pagos pela firma) mas que não chegava para os consumos. "Ainda pedia dinheiro ao meu pai." Acabou por deixar o cargo de executivo, recomeçou do zero, evoluiu a assessor, mas aos 42 anos voltou a recair no vício, desta vez em comprimidos. "Tomava 22 a 28 comprimidos por dia, de hora a hora. Os colegas já tinham pena de mim." Para recuperar a família, aceitou fazer um tratamento no Centro Villa Ramadas, em Alcobaça, no ano passado. Há 17 meses que está limpo e voltou ao trabalho. De arrogante, André passou a ser humilde,"depois de ter sido despromovido e ter perdido todos os privilégios", comenta o director da clínica, Eduardo da Silva.