Miudos bebados a partir dos 12 anos
O FENÓMENO DAS "LlTRADAS" tem vindo a aumentar desde 2010 nas cidades fronteiriças. Bebe-se em praças ou cafés. "A miudagem que não quer ser incomodada com pedidos de identificação faz isto, sobretudo por uma questão económica - a cerveja é mais barata", explica Fernando Mendes, da delegação portuguesa do European lnstitute of Studies on Prevention.
O vício de um miúdo de 1,65 metros e 80 quilos, que se orgulha de pertencer à nobreza e vestir marcas, eram as cervejas. Aos 14 anos já bebia três ou quatro todas as tardes, num café junto ao liceu do Restelo. Depois passava a dois copos de vinho tinto ou sangria. Aos 15 anos tornou-se alcoólico. Todos os dias roubava cinco a seis cervejas e uma garrafa de tinto numa mercearia próxima do liceu.
Numa das inúmeras vezes que não foi às aulas - até chumbar por faltas - , passou pelo café do Restelo para beber sangria com seis amigos. Começou às 16h e só parou quando ficou descontrolado. Começou por atirar garrafas de vidro que encontrava na rua para uma casa de freiras. Não satisfeito, saltou por cima do capô de três carros. A seguir subiu para o tractor de uma obra e tentou pô-lo a trabalhar. Entretanto, os homens da obra chamaram a polícia, que revistou os amigos no café. Ele aproximou-se dos dois agentes e em tom insolente pediu para ser revistado. Insultou um polícia, que o algemou e levou para a esquadra de Miraflores. Perto das 20h, o padrasto foi informado do seu paradeiro. Após um duche frio na esquadra, foi levado para casa. Nessa altura, gastava cerca de 200 euros mensais só em bebida.
Um mês depois do episódio da esquadra, a família convenceu-o a iniciar um tratamento de recuperação no centro Villa Ramadas, em Alcobaça, que só terminou a 5 de Janeiro passado. Nunca mais tocou em álcool.