O Diário de um Médico Viciado em Sexo

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15-04-2010
Raquel Lito, Sábado

REPORTAGEM. DOIS MESES COM UM MÉDICO QUE JÁ TEVE RELAÇÕES EM TODO O LADO

A SÁBADO acompanhou a vida alucinante de André. Em apenas quatro anos já se envolveu com mais de 70 mulheres - incluindo oito pacientes. Por Raquel Lito

De manhã, à tarde e à noite só pensa em sexo. Tem sonhos eróticos, gosta de conversas obscenas e, sobretudo, de pra¬ticar. Pode ser a qualquer hora, não importa o sítio nem a companhia -des¬de que seja feminina. André pode ter sexo várias vezes por dia, com mulheres diferen¬tes. Um impulso incontrolável leva a que este médico (não quer revelar a sua área de especialidade) de 35 anos desmarque con¬sultas só por causa do vício. Se não tem tem¬po, convence-as a fazer ali mesmo: num consultório em Lisboa. Se conseguir esca¬par ao trabalho, leva-as para casa ou vai ter com elas. "Posso ser afectuoso, ordinário, ca¬rente. Digo o que quiserem ouvir. Sexo é o que mais me motiva", diz André à SÁBADO.

Este vício tornou-se mais visível des¬de o recente escândalo que envolveu o campeão de golfe norte-americano Tiger Woods. É considerado um "transtorno do controlo dos impulsos" pelo Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-I V).

Após um desgosto amoroso, há quatro anos, André já se envolveu com mais de 70 mulheres - e com algumas várias vezes por mês. Guarda fechado à chave um ficheiro informático com informações delas (nome, características físicas) e imagens.

A SÁBADO acompanhou este médico durante dois meses. Assistiu à marcação de encontros, testemunhou telefonemas e conversas online. A seguir conta-lhe como é o dia-a-dia de André.

Setembro de 2007 Dia de Semana QUATRO CASOS

Um dia alucinante. André acordou com um enorme desejo sexual e planeou ter sexo com várias mulheres. De manhã começaram a chover SMS de amigas. Já tinha dois encontros pré-agendados, mas queria mais.

08h30 às 13h -Esteve no consultório a atender pacientes.

14h30 -Após o almoço, encontrou-se com uma mulher de 30 anos, alta e morena, que também trabalha na área médica, em casa dela. A mulher não tinha namorado e apetecia-lhe companhia. "Sugeriu-me que fosse lá dar-lhe um beijinho." Durante duas horas, tiveram sexo várias vezes.

l1h30 -Novo encontro, desta vez agendado, com uma paciente. André seduziu-a três meses antes: começou por fazer charme durante a consulta, a seguir enviou-lhe um SMS a perguntar como tinha evoluído a doença. A partir daí começaram a trocar mensagens e tiveram encontros fortuitos. Nessa tarde, mantiveram relações ao longo de uma hora e meia. "Tivemos sexo anal. Ela achou estranho."

22h-Jantaràluzdevelasnum restaurante italiano com outra mulher. Já tinha tudo planeado. André foi levá-la a casa e tiveram sexo até à 1h.

01h -No regresso a casa, quis fazer um desvio. Telefonou a uma vizinha com quem já tinha tido relações, porque "queria acabar bem o dia". Foram para casa dele, beberam vodka e em pouco tempo já estavam na cama. Ela dormiu lá.

07h -André pediu-lhe para sair, desculpando-se que tinha de ir trabalhar. Em vez disso, limpou tudo, para o caso de a namorada aparecer em casa: lavou os copos de vodka, mudou as toalhas e os lençóis e despejou os cinzeiros com as beatas dos cigarros que ela tinha fumado.

Se em 2005 lhe relatassem este dia, André não acreditaria. Nessa altura só pensava numa mulher: a ex-namorada. "Já vivíamos juntos e íamos casar. De um momento para o outro, ela achou que eu não era a pessoa certa." Ficou desorientado. Chorou, teve insónias, pensou que nunca mais se iria apaixonar. Foi o seu único desgosto amoroso. "A partir dai começou o descalabro."

De frustrado passou a obcecado. Começou a apurar as técnicas de engate com ex-colegas da faculdade, foi criando urna rede de contactos e saindo com regularidade para discotecas de Lisboa."Uma das coisas de que sou capaz é de aproveitar as oportunidades. Surgiam muitas, através de todos os canais."

Gradualmente, passou a planear a sua vida em função do sexo. "Tenho de ter urna lista de mulheres disponíveis e vou sempre jogando. Vivo obcecado com isso, o que me importa é mantê-las sempre em stand by. Porque se uma não dá, a outra há-de aceitar." Tem mais de 20 em reserva, que contacta rotativamente através de SMS padronizados (do género: "estou com muitas saudades tuas, não sei porque não estamos juntos; o nosso futuro podia ser em conjunto, custa-me chegar à cama e lembrar-me que uma pessoa tão especial como tu está afastada de mim"). Os contactos nunca são diários, para não se fartar.

O sexo logo Manuel Damas já acompanhou casos idênticos e considera sintomáticos estes esquemas de André."A construção dos detalhes muitas vezes faz parte dos rituais deste tipo de predador sexual."Neste caso, comporta-se como "um animal em caça, em que a compulsão o impele para nova caçada quando o objecto do desejo é alcançado".

14 De Fevereiro de 2010 Domingo NA CAMA DO FILHO

Passaram-se dois anos e meio desde aquele dia. Entretanto, trocou de namorada. A relação que mantém já há dois anos é estável. Ela dorme em casa dele várias vezes por semana, planeiam casar-se em 2012 e ter um ou dois filhos. Mas nada disto alterou o seu estilo de vida. André admira-a não só ao nível físico, mas também intelectual. O seu maior receio é perdê-la por causa das infidelidades. Diz que se isso acontecer, ficará desesperado: "Mas serei incapaz de implorar, por vergonha. O que faço é de tal forma grave que não tem perdão."

Quando começou esta relação, procurou um psicólogo, à espera de solução imediata. Desistiu ao fim de três consultas, em três semanas consecutivas, porque o processo terapêutico era lento e implicava psicanálise.

André não pensa em terapia tão cedo. Diz que está mais moderado, que já não é capaz de fazer 600 quilómetros numa noite só para ter sexo e trabalhar no dia seguinte às 9h, como fez em 2006 para se encontrar com urna mulher no Porto. Mas no dia dos namorados voltou a estar com várias mulheres - menos com a namorada, que estava no estrangeiro.

10h30 -Acordou e foi preparar o almoço para urna visita: urna loira de olhos azuis, divorciada, que conheceu num dos vários chats a que se mantém ligado todas as noites e nos intervalos das consultas. Encomendou carne recheada com ameixas, acompanhada por um tinto reserva.

13h -Tiveram sexo após o almoço.

17h -André despediu-se, tomou duche e foi ter com outra mulher, nos arredores de Lisboa. Também loira e divorciada. É sua paciente há ano e meio e tem dois filhos, que estavam com os avós. Conversaram durante meia hora sobre assuntos banais e foram logo para o quarto. "Fizemos amor na cama do filho de 3 anos."

22h -Voltou para casa. Tomou duche e jantou. Pouco depois, chegou uma amiga, uma engenheira de 30 anos, com quem tinha combinado encontrar-se há urna semana. Conheceram-se através de amigos comuns e no início encontravam-se quase todos os dias. Beberam duas garrafas de vinho e a seguir tiveram relações sexuais no sofá.

André já teve sexo no sofá, na cama de uma mãe divorciada com o filho de 3 anos a dormir ao lado, no carro, na praia dentro de água, na rua, no elevador, na casa de banho do avião, na garagem, à porta de um prédio, até numa igreja. Quando tem tempo, leva as mulheres para um dos hotéis de Lisboa de que é cliente regular. Quando não tem, faz sexo no consultório. "Já tive sexo lá 15 a 20 vezes com oito pacientes."

André relativiza a incompatibilidade ética: diz que elas também querem, por isso não há problema. Um procedimento que Manuel Damas, médico especializado em sexualidade, considera de "enorme gravidade". "O código deontológico é muito preciso. Mas não havendo queixa isso fica na esfera pessoal e, acima de tudo, na alçada da sua consciência própria. Também para isso existe a autocrítica."

A autocrítica de André leva-o a assumir que o sexo no trabalho "é um mal necessário" porque sofre de um distúrbio. "Vou buscar a 'droga' onde ela estiver. Corro riscos, como meter-me com amigas da minha namorada. É provável que seja apanhado."

E foi várias vezes. Duas namoradas acabaram com ele ao saberem por outras pessoas que ele as tinha traído. já recebeu ameaças de morte por SMS do namorado de uma das mulheres com quem se envolveu. O marido de outra fez-lhe uma espera no hospital e ameaçou-o que contratava alguém para o espancar se ele continuasse a ver a mulher.

Os amigos conhecem-lhe o vício. Acham piada. A família sabe apenas que ele gosta de mulheres e é incerto. Sempre manteve uma relação distante dos pais e diz que sexo era um tema tabu. "É provável que tenha sofrido a ausência de manifestações afectivas e carregado o peso dos tabus de que o sexo é sujo e perverso. Por um lado censura o seu comportamento, por outro tem necessidade de satisfazer o prazer", analisa o sexólogo Manuel Damas.

16 De Fevereiro Terça-feira O ÚLTIMO RECURSO

05h -Regressou de uma discoteca onde fora com amigos e combinara encontrar-se com uma mulher de 31 anos, ex-amante de um conhecido seu, casado. André reconhece que ela é feia, diz que tem problemas de pele, mas naquele dia era sua única hipótese de ter sexo. Logo depois de ter saído da discoteca, ele ligou-lhe e convidou-a para ir a sua casa Estiveram juntos uma hora e meia e tiveram relações sexuais. Foi a quarta vez que se envolveram.

09h -Foi trabalhar com poucas horas de sono -já é hábito. Nas consultas costuma estar ligado a chats na Internet e troca SMS com várias mulheres, para as manter interessadas. Durante o dia não fez sexo, mas não desistiu.

23h45 -Começou a falar com uma mulher no programa de conversação Messenger. Ela disse que estava na cozinha a fazer chá a torradas. Ele aproveitou a deixa: "Não me convidas para o chá nessa cozinha onde te possui?" Ela tem 25 anos, e não tem namorado, mas hesitou, porque sabia que ele era comprometido. No entanto, já tiveram relações várias vezes. André manteve a conversa online: precisava de ter sexo e ela mostrou-se disponível. Já não estavam juntos há mais de um mês.

01h -Foi ter a casa dela, em Lisboa, e envolveram-se logo. Quase não falaram. André acha-a ingénua. "Já lhe disse como as coisas são: 'Queres, queres. Não queres, vai à tua vida e arranja um homem, porque comigo não te safas. ‘

03h30 -Depois do sexo, voltou para casa. André não é selectivo. Tanto pode estar com mulheres esculturais e bem-sucedidas, como com burras, desempregadas e feias. "Basta que ela mande uma piada para ficar interessado. A mais feia com quem estive era estrábica e baixa. Não tenho um estereótipo. É o mesmo que na droga. Obriga-me a equacionar: será que hoje preciso de estar com uma mulher? Será que se ligar a um amigo à noite, encontrarei depois uma mulher que queira estar comigo quando já forem 2h da manhã'"

Se no inicio o que o estimulava mais era o jogo, hoje já não pensa nisso. Só mesmo no essencial: sexo. Mesmo quando está com a namorada pensa noutras e faz jogos de sedução sem que ela se aperceba. Na rua, não se inibe de lançar olhares às mulheres que passam. Na praia, vai tomar banho sozinho para seguir uma estranha. Quando sai à noite, seduz a primeira que lhe dá atenção. "Não tem de ser amais bonita, pode ser mais ou menos."

Só há dois tipos de mulheres com quem não se envolve: prostitutas ou de aspecto duvidoso (por exemplo, quando viu uma rodeada de homens numa discoteca não avançou, apesar de a achar bastante atraente; e andou a evitar outra que se comporta como ele). Isto porque teme contrair alguma doença. Usa sempre preservativo, não pratica sexo oral (só de forma passiva), lava as mãos com álcool e a boca com uma solução anti-séptica após o beijo e faz análises regulares. Por isso, quando vai a despedidas de solteiro em bares de strip ou prostíbulos porta-se relativamente bem. "Posso tocar-lhes mas não tenho sexo."

17 De Fevereiro Quarta-feira CUIDADOS COM A NAMORADA

09h -Foi trabalhar. Durante o dia trocou SMS com uma colega. Perguntou-lhe como estava, se queria ir jantarem breve. Já se beijaram. Ela começou a namorar mas André continuou a insistir. "Já deixei de ir ter com outras, que estavam certas, para me encontrar com ela. Se me dedicasse por completo a cativar esta mulher, haveria de conseguir."

22h -Recebeu a namorada em casa com um jantar e deu-lhe um presente. Disse-lhe palavras carinhosas. Tiveram sexo no quarto.

André costuma dizer que tem uma vida multo cansativa. Não só pelo sexo, como pela eliminação das provas. É tão minucioso que chega a fotografar com o telemóvel a disposição das toalhas e dos artigos de higiene pessoal da namorada (até a inclinação da pasta de dentes) para repor tudo no sítio, quando as parceiras sexuais saem de sua casa.

Também é convincente a arranjar desculpas, mesmo que sejam básicas. A namorada não suspeita dos inúmeros jantares ou reuniões de trabalho.

Comprou um telemóvel especial que está programado para não receber chamadas de mulheres inconvenientes, incluídas numa lista de rejeição. Quando elas telefonam, ouvem um sinal de erro de comunicação e o destinatário da chamada nem sequer recebe c toque. Usa outra predefinição do aparelho após o sexo. Começa por dizer um código em voz alta: "Tenho de sair." Dez segundos depois toca o telefone e dispara a gravação com a voz de um amigo: "Tem de vir imediatamente ao hospital."

Define-se como um perfeccionista. "Ligo a todos os pormenores para conseguir o que quero." E quando o clima com uma mulher aquece, na sala, já tem tudo preparado: retira logo o preservativo escondido numa almofada do sofá. "Lanço a mão para não perder o momento."

11 De Março Quinta-feira A AMIGA PSICÓLOGA

09h -Cruzou-se com uma psicóloga amiga, sofisticada, de cabelo curto, cerca de 35 anos, nos corredores do hospital onde ambos trabalham. Tratam-se por "tu". Ela sabia do problema há mais de um ano, disse-lhe que estava identificado como viciado em sexo e sublinhou o seu traço de perfeccionista. Convenceu-o a iniciar terapia. Perguntou-lhe se na primeira consulta queria ser visto no consultório ou noutro sítio. André sugeriu jantarem nessa noite.

21h -Jantaram num restaurante de peixe, à beira-mar. A amiga falou-lhe da existência de terapia de grupo para o efeito, onde poderia identificar pontos em comum com outros viciados em sexo, associada a uma terapia individualizada. André disse-lhe que não tinha problemas em partilhar experiências, desde que mantivesse o anonimato.

01h -Continuaram a conversar em casa dela. A amiga avisou-o de que não era uma consulta, ele estava ali para desabafar. André fez-lhe uma massagem nas costas. Do sofá, desconfortável, passaram para a cama, onde tiveram sexo.

02h -O final foi abrupto. André despediu-se a correr. A psicóloga – amiga mostrou algum constrangimento. Perguntou-lhe se queria continuar a trabalhar a sério, sem qualquer tipo de envolvimento, ou se preferia deixar passar algum tempo até iniciar a terapia. André foi peremptório: "Disse que para já não queria, não tinha necessidade. Que talvez a procurasse num futuro próximo para me ajudar."

Os métodos terapêuticos intensivos implicam internamento durante vários meses, com uma taxa de sucesso na ordem dos 80%. "Para este paciente seria recomendado um internamento de 24 semanas, para que ele possa encontrar um equilíbrio emocional", explica o director do centro Villa Ramadas, em Alcobaça, que já tratou de vários adidos em sexo. "Através da verbalização [terapias de grupo e individuais] e da escrita conseguirá ter uma perspectiva real dos sentimentos que envolvem as suas acções. E a partir desta autodescoberta pode iniciar um processo de mudança estrutural."

24 De Março Quarta-feira CONSULTAS DESMARCADAS

08h -Começou as consultas e até à hora de almoço atendeu seis pacientes.

14h -Recebeu um SMS de uma amiga casada, que aguardava pela chegada do marido de uma viagem ao estrangeiro, ao final da tarde. André insistiu para que se encontrassem. Desmarcou as consultas só para poder estar com ela.

15h -Encontram-se num hotel e tiveram sexo. Foi rápido. Mal acabou, André desculpou-se com trabalho. "Depois do acto, desligo."

16h -Despediram-se.

22h -Retomou as conversas online com uma mulher que não via desde o Verão. Na semana anterior tinha-lhe enviado um SMS: "Hoje acordei a pensarem ti." Após o Verão, ela começou a namorar e andou entusiasmada nos primeiros três meses. "O namorado faz tudo por ela, mas ela pondera ter algo comigo." André tem esperança de se encontrarem na quarta-feira seguinte, a 31 de Março.

23h51 -Meteu conversa no Messenger com uma mulher que conheceu numa discoteca de Lisboa. "Adorei possuir-te contra a arca frigorífica." Aconteceu há três meses, à noite, num estabelecimento comercial da família. Ela estava à espera de bebé, já no oitavo mês da gravidez. A conversa através da Internet continuou. Ele perguntou-lhe: "Pensaste em mim enquanto estavas a dar à luz?" Ela respondeu: "Muito." No fim, ele disse-lhe que iria adormecer a pensar nela. Era mentira e ela tinha noção disso, apesar de André nunca assumir o desinteresse. Ele até pode estar em baixo, paciência, mas não larga definitivamente as “garantidas”. “Tenho de me safar.”

À compulsão por sexo junta-se uma insatisfação permanente. Procura uma relação ideal que não existe, com uma mulher perfeita que nem sabe ao certo como é. Porque já teve três “fantásticas” (muito atraentes, cultas e com bom desempenho sexual) e não se apaixonou. “Tenho pena que não tenham permanecido na minha vida”.

11 De Abril Domingo SAÍDA ÀS 5H DA MANHÃ

11h -Acordou com a namorada, que passou o fim-de-semana em casa dele.

14h -Foi almoçar fora com ela.

15h –A namorada foi ter com uma amiga, com quem passaria a tarde toda.

16h -Recebeu urna mulher em casa, lanchou e esteve a conversar. Nesta fase de sedução ainda não aconteceu nada. "Ê das que estou a cultivar, demora tempo."

22h -A namorada regressou a casa dele.

01h -Teve sexo com a namorada.

02h53 -Retomou as conversas com a amiga, com quem teve sexo junto à arca frigorífica, através do chat do Facebook. A namorada estava a dormir no quarto, enquanto a amiga lhe dizia que queria estar com ele, tratando-o por "amor".

03h40 –A conversa na Net prosseguiu com ele a dizer-lhe: "És especial, sei lá, gosto tanto de ti, não é o exterior, és tu mesmo". Sugeriu terem sexo no carro dela, daí a uma hora.

05h -Foi ter com ela. Se a namorada acordasse, inventaria uma desculpa.

A mulher com quem se envolveu nessa noite desconhece o vício, mas algumas sabem e aceitam. Outras entendem que se trata apenas de sexo ocasional. E há as que reagem mal ao afastamento. André aparenta estar sempre apaixonado. Fá-las sentirem-se especiais. Se forem difíceis, mais o estimulam. "Podem não responder-me nessa semana, nem daqui a três. Mas como vou tentando, acabam por ceder."

Quando cedem, perde o interesse. Uma reacção típica dos viciados em sexo. "Quando o objecto do desejo é alcançado, a compulsão impele-o para um novo investimento. E quando a vítima dá luta, essa recusa aumenta a adrenalina - o sucesso na conquista é o prémio final", analisa Manuel Damas. Por isso, André nunca parte derrotista. Acredita que ganhará sempre o prémio que quer: sexo com mulheres diferentes todos os dias.

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