Sexo a todo o custo
José – nome fictício – tem 54 anos e é solteiro. Nunca teve um rela¬cionamento a sério, daqueles com direito a beijinhos e promessas de felicidade eterna. Todas as suas “relações”, chamemos-lhes assim, se resumiram a contratos de compra e venda de prazer. Sexo como princípio e fim. Satisfação instantânea para apagar, por instantes, a angústia. Para matar o vício.
Podia escrever o roteiro dos prostíbulos da sua zona, um “lonely planet” com bolinha vermelha no canto da página. Começou a frequentá-los ainda na puberdade, mas foi após a morte do pai, há 14 anos, que a sua “adição”, como constantemente se refere, se agudizou. O dinheiro do pai – que era agora não só dele, mas também da mãe e da irmã – foi-lhe alimentando o vício. Quanto mais tinha, mais visita fazia aos clubes e bares de prostituição.
No trabalho, cresciam as dificuldades em concentrar-se. Os anún¬cios de relax dos jornais eram como o convite de bar aberto para um alcoólico. Conhecia-os de cor e procurava logo os mais recen¬tes. Sempre que havia uma novidade, ia experimentar. A impiedosa ressaca batia mais forte quando o dinheiro começa¬va a escassear. Suores, ansiedade e frustração. A abstinência alterava-lhe o humor.
Tornava-se agressivo, e insultava os familiares. As mentiras suce¬diam-se ao ritmo com que acumulava as dívidas. Ser dependente do sexo não tem nada de divertido.
Afecta o trabalho, a concentração, as relações humanas, as eco¬nomias, a saúde. “Como em qualquer dependência queremos sempre mais. E quando não temos, sofremos.”
Pressionado pela família, aceitou, com relutância iniciar um trata¬mento contra a dependência do sexo. Durante 24 semanas, permaneceu internado no Centro de Tratamento Internacional VillaRamadas.