Villa Ramadas - 10 anos a libertar da dependência
//SARA SUSANO texto/fotos
No passado sábado, dia 15, decorreu a festa do décimo aniversário de Villa Ramadas, inaugurada a 14 de Setembro de 2002 por Maria de Jesus Soares, na época, presidente da Cruz Vermelha.
Álcool, anorexia, bulimia, automutilação, drogas, compras, são algumas das dependências que se tratam na instituição, instalada na Aliceira, Vestiaria. Para Eduardo Silva, director, “estes dez anos significam a concretização de um projecto e de um sonho; foi o conseguir através de uma equipa profissional, activa e dinâmica ajudar um enorme número de pessoas de vários pontos do mundo”. Eduardo Silva, 48 anos, natural de Leiria, depois de uma estadia de cinco anos em Londres onde trabalhou e se especializou na área, escolheu Alcobaça devido à localização geográfica, entre dois aeroportos e perto de Lisboa. “Aqui é possível estar perto de tudo, de uim ambiente rural, citadino, de praia, de montanha à distância de pouco tempo, o que é muito bom para alguns tratamentos”, garante o director.
Casos reais
Na festa de comemoração dos 10 anos de Villa Ramadas, estiveram antigos residentes que vieram de todo o mundo. “São pacientes que estiveram cá há dez anos, há cinco, há sete e outros com quem eu tinha colaborado em Inglaterra antes de serem internados, e alguns familiares” enumera Eduardo Silva.
Fernando, é natural de Ovar e vive na Suiça. Esteve internado na Villa Ramadas há cerca de quatro anos devido a fobias. “Eu tinha medo de tudo: tinha medo de estar com pessoas, tinha medo de estar sozinho, tinha medo de trabalhar, de conduzir”, explica, relatando que tudo começou devido a uma Tomografia Axial Computorizada (TAC) que teve de fazer e em que entrou em pânico. “A partir daí, nunca mais fui o mesmo” disse. A sua esposa, que o acompanhou à festa de Villa Ramadas, acrescentou que “esta casa devolveu-me o marido que eu não tinha há quatro anos”.
Frederica e David, ela italiana e ele inglês, conheceram-se na Villa Ramadas, ambos internados devido ao uso de álcool e drogas e iniciaram uma relação. Actualmente o casal vive em Londres. Para Frederica, Villa Ramadas é ”mais que uma família, porque a minha família não me compreende”. Têm 15 anos de diferença um do outro e a instituição foi contra o seu relacionamento. Ambos não se drogam há cinco, o que para João augusto, responsável pelas admissões da Villa Ramadas, é a prova de que “é possível que dois ex-toxicodependentes não se influenciem negativamente um ao outro”. Vicente tem 25 anos e é de Alcanena. Foi para a Villa Ramadas devido ao consumo de álcool e de drogas. Deixou a instituição há cinco anos e cinco meses. “com a ajuda dos terapeutas, do grupo e do staff, tornei-me uma pessoa melhor; sinto-me melhor!”, explica.
________________________________________________VILLA RAMADAS EM NÚMEROS:
833 tratadas com idades compreendidas entre os 15 e os 78 anos
201 nacionalidades diferentes