Abstinência e diálogo curam dependências

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13-08-2002
Alexandra Serôdio, Jornal de Noticías

Villa Ramadas promove método de tratamento sem medicação

Tem 36 anos e iniciou-se na droga e no álcool aos 15. Com O processo da adolescência em curso e atraído para novas descobertas. Manuel (nome fictício) entrou num mundo de onde quis sair várias vezes. Depois de percorridos vários centros de tratamento de Portugal e de ter sido o “modelo” de recuperação numa determinada região do país, Manuel voltou sempre à droga que o mantinha “vivo e forte” para enfrentar os problemas diários.

Até ao dia em que percebeu que a sua vida teria de mudar, “senão não fazia sentido continuar a viver”. Casado e à espera do primeiro filho, Manuel acreditou que poderia vencer e, exausto de percorrer centros e “fazer tratamentos falhados”, chegou a Villa Ramadas há pouco mais de um mês. Para trás deixou 15 anos de consumo e sete de recuperação.

“Estou muito farto, muito desesperado. Quero reconstruir a minha vida , que por duas vezes destrui”, revela Manuel, que se mostra confiante naquele que acredita ser o seu ultimo tratamento. Esclarece ter conhecido alguns utentes que saíram da Villa Ramadas completamente recuperados e enaltece “o excelente trabalho” que ali está a ser desenvolvido. Manuel está confiante e promete “não falsear os tratamentos”, como fez noutros centros.

Respostas às dependências

Falamos do Manuel, como poderíamos falar do caso da Maria, em tratamento devido à sua dependência do álcool, ou do José, que um dia experimentou as pastilhas e destruiu a sua vida ainda jovem. São casos que chegaram a Villa Ramadas, localizada em Alcobaça e aberta ao público desde Abril, embora apenas seja oficialmente inaugurada em Setembro.

Este centro de tratamento, que apresenta um método inovador de recuperação, baseado no modelo Minnesota. na sua versão de abstinência total, ajuda as pessoas que padeçam da doença de adição, seja ela manifestada por uma dependência química álcool e drogas) e ou dependência comportamental (jogos, anorexia, bulimia, sexo, co-dependência, trabalho, entre outros).

José Eduardo Silva é o director-geral e um dos terapeutas da Villa. Explica que o projecto é o culminar de quatro anos de trabalho, realizado em vários centros de Inglaterra, país onde completou as qualificações profissionais de conselheiro. Do seu trabalho fala com paixão e esclarece que o objectivo “é ajudar os doentes a descobrirem as qualidades que têm, para que eles se possam ajudar a si próprios”. As sessões 'são dinâmicas. Com muitos desafios e sempre com atitudes positivas”,

“A arte é a terapia da fala e não os medicamentos. Aqui ajudamos as pessoas a lidarem com os sentimentos, a olharem para o passado, para que se libertem dos problemas e possam olhar o futuro de maneira diferente”, explica.

Por isso, na Villa só se aceitam doentes que “queiram ser tratados, não por imposição mas porque querem realmente” José Eduardo Silva explica que o centro aposta na qualidade”e a base da estrutura “é a disciplina inglesa”.

Desde a abertura, em Abril, o centro acolheu 14 pessoas, todas dependentes de álcool ou da droga. Desse grupo, quatro (três homens e uma mulher) concluíram já o tratamento e estão “perfeitamente integradas na sociedade”. Em média, o internamento dura 12 semanas, embora possa oscilar entre 'um mínimo de 10um máximo de 14”.

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