Amor sem limites

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Anónimo

Quando me disseram que tinha co-dependência, fiquei ofendida. Eu nem sabia muito bem o que isso significava!

Quando a minha última relação mais duradoura acabou, fiquei de rastos. Depois de alguns anos a viver juntos, o amor acabou. Eu não entendia como é que isso era possível. E lá se repetiu tudo de novo, não consegui lidar sozinha com a situação e passei a dormir em casa de familiares.

Estar sozinha é que era impensável. Além disso, passava os dias ao telefone com amigos, sempre a falar da mesma coisa, nem sei como eles tiveram tanta paciência. Chorava dias a fio na cama por uma pessoa que já não amava, mas a quem me tinha habituado a ter, além de me ter acomodado à vida que tínhamos.

A minha mãe sofria comigo, como se estivesse a sentir o mesmo que eu. Emagreci 10 quilos em poucos dias, nada me entrava no estômago. O interessante é que olhando para trás, este era um padrão normal na minha vida.

Não conseguia encarar o fim das relações sozinha, precisava sempre de estar com alguém e a falar constantemente do mesmo problema, como se fosse um disco riscado.

Em conversa com um amigo psicólogo, ele disse-me que eu sofria de co-dependência. Eu fiquei confusa, porque nunca tinha ouvido tal termo. Mas quando ele me começou a explicar o significado e a dar exemplos, comecei a rever-me em muitas das coisas, aliás na maioria. Ele disse que talvez me fizesse bem tentar um tratamento, porque senão iria passar a minha vida a sofrer e que era importante aprender a estar somente comigo mesma.

Vim até à clínica e identifiquei-me de imediato. Conheci pessoas com histórias de vida extraordinárias e tinha sempre um ponto em comum com cada uma delas. Vi que entrar em tratamento era a solução mais sensata, senão iria sempre ser infeliz e desequilibrada emocionalmente. Entrei na clínica e integrei-me de imediato.

Comecei a olhar para as coisas de outra perspectiva e percebi o quanto tinha errado até então. Quando entrava em conflito arrastava sempre comigo as pessoas à minha volta, principalmente a minha mãe, a quem tanto exigia. Cheguei ao cúmulo de a manipular para tirar baixa, para me fazer companhia durante o meu processo de luto de uma relação.

Tão egoísta que fui e sem perceber.

As coisas a que tanto significado dava tornaram-se irrelevantes. O certo é que aprendi a ser sensata e a viver comigo em paz e harmonia. Já terminei o tratamento há alguns anos e já passei por alguns desgostos amorosos e tenho dado a volta de uma maneira diferente e menos sofrida. Enfrento tudo sozinha e sem medos.

A co-dependêcia ficou para trás e só assim consegui ser feliz. Continuo a ter amigos e a estar com a minha família, mas aproveito os momentos para falar do quotidiano, sem obcecar por nada. Sou uma pessoa muito mais feliz e de bem com a vida e devo-o à clínica, ao staff e aos colegas de tratamento.

Porque só por hoje, quero ser feliz.

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