Co-dependência obsessiva

Falar de co-dependência é sensível, principalmente quando o exemplo que tenho de co-dependência tornou a pessoa doente vítima de violência doméstica.

Esta é a história da minha mãe. Cedo foi trabalhar para ajudar a família, deixando o sonho de estudar de lado. A pobreza da família cedo a precipitou para um casamento de interesse com um homem mais velho. Desta união nasci eu e os outros irmãos. Crianças simples, não tínhamos grandes ambições, apenas amor e carinho, mas isso era tudo o que não tínhamos.

A minha mãe vivia num ambiente de terror, sendo constantemente alvo do meu pai. Durante a semana era tudo calmo e até pareciam ter uma relação normal, mas chegado o fim-de-semana estava tudo estragado. Ele passava horas a beber e depois batia na minha mãe. Felizmente nos filhos não tocava, mas custava-nos ver a nossa mãe subjugada a uma situação daquelas.

Fomos crescendo e saindo de casa, dando alternativas à minha mãe, porém ela preferia ficar em casa com o marido, a levar uma vida sacrificada. Um dia acordou no hospital, tal tinha sido a tareia que tinha levado do meu pai.

Decidiu terminar com o casamento e com o apoio dos filhos procurar ajuda: estava co-dependente do meu pai, apesar do mal que ele lhe fazia. Depois de alguma pesquisa na internet, encontramos este centro de tratamento, que pareceu a melhor solução para ela. Identificou-se de imediato com as terapias e com a equipa terapêutica. Ali estava protegida e a fortalecer-se para a batalha seguinte: o divórcio.

Terminado o tratamento parecia outra pessoa. Tinha rejuvenescido e estava cheia de confiança. Nem parecia a mãe que eu conhecia, aquela mulher submissa que permitia tudo ao marido. Aos poucos recomeça uma nova vida e estamos todos confiantes que a vida ainda lhe reserva muitas surpresas positivas…

Obrigada por nos darem uma nova mãe.