Fome compulsiva
Bulimia é uma palavra que faz parte do meu vocabulário há bem pouco tempo, desde que a doença foi detectada à minha filha mais nova.
Ela sempre foi uma rapariga cheia de vida, mas com um enorme desgosto, ter peso acima da média, isto concretamente significa 30 quilos a mais do que deveria de ter. Em casa, sempre a incentivei a fazer dieta, mas ela comia cada vez mais. Vinha frustrada da escola, por ser constantemente motivo de chacota, em fúria comia compulsivamente.
Como mãe, não sabia que mais fazer, levei-a ainda a um psicólogo, mas de nada adiantou. O ano passado apaixonou-se por um colega de curso, só que este ignorava-a e sempre que podia, gozava com ela. Sentia que ela não andava bem, mas como sempre foi uma rapariga fechada no seu mundo, não lhe conseguia arrancar uma palavra. Aos poucos deixou de querer comer comigo e com o pai, preferia fazê-lo no quarto. Continuava a comer imenso, mas começou a perder peso drasticamente e eu não entendia o que se passava.
Falei sobre a situação com algumas colegas de trabalho e estas alertaram-me para a bulimia. Confrontei-a e não cedeu, como seria de esperar. Dizia que andava a fazer desporto na escola, daí essa perda de peso. Só que comecei a apertar com ela e controlava-a na hora das refeições.
Um dia não cedendo a tanta pressão, revelou-me que andava a vomitar. Que se odiava e que se sentia gorda, o que a impedia de arranjar namorado. Pediu-me ajuda e a única referência que tinha era este centro de tratamento, que tanto tinha feito por casos idênticos ao dela. Nunca me vou esquecer todo o apoio que tanto a minha filha como eu tivemos.
A minha filha aprendeu a lidar com a doença e a valorizar-se. Tornou-se uma mulherzinha e com tudo isto até a nossa relação ganhou. Terminou o tratamento há quatro meses, mas está muito optimista e já regressou à universidade. Mudou de turma e tem tido pessoas que a têm apoiado imenso.
Além disso sempre que se sente a recair, pega logo no telefone e pede ajuda à equipa terapêutica da clínica.