Viciada em compras
Sou uma adita em compras em recuperação.
Sempre gostei de vestir bem, por isso desde a minha adolescência comecei a trabalhar para conseguir comprar roupas de marca.
Escusado será dizer que quando era altura de receber o ordenado já o tinha todo gasto em roupa…À tarde estudava e à noite, sem que ninguém soubesse, fazia trabalhos de acompanhante de luxo. Uma amiga minha conseguia bons rendimentos nesta actividade, onde se limitava a acompanhar homens de dinheiro a reuniões, sem que tivesse que haver sexo, então decidi arriscar.
Dormia poucas horas, mas como estava na flor da juventude aguentava tudo. E assim lá ia enchendo o meu guarda-roupa que ocupava uma divisão da casa.
Fora de casa dos pais, estes não tinham a mínima noção do tipo de vida que levava. Eram sapatos de 400 euros, casacos de 500, calças de 200, tudo do bom e do melhor.Ainda muito jovem, já tinha cerca de vários cartões de crédito que estavam com o plafond no limite, mas viver na corda bamba era um estilo de vida que me agradava.
Quando visitava os meus pais, levava sempre roupas discretas para não desconfiarem, para eles, eu era a menina trabalhadora, o orgulho deles. Durante alguns anos consegui manter este estilo de vida, até que um amigo do meu pai me procurou como cliente. Pior, fomos descobertos pela mulher dele, que contou tudo aos meus pais. Foi o desgosto da vida deles, mas prometeram ajudar-me.
Nem queriam acreditar que eu levava aquela vida dupla para pagar o vício das compras. Decidiram que precisava de ajuda e esgotada por manter este estilo de vida, aceitei.
Entrei em tratamento e aqui aprendi a perceber o verdadeiro valor das coisas e do dinheiro. Trabalhei a fundo os meus bloqueios e o que me levava a fazer compras compulsivamente.
Bem perto do fim do tratamento, numa das idas a casa, ganhei coragem e desfiz-me de grande parte da roupa que tinha e a verdade é que me senti aliviada, foi como se estivesse a quebrar com o passado. Estabeleci metas para o futuro e consegui formar-me.
O tratamento deu-me outra noção do que realmente importa na vida e sinceramente vou tentar aplicar estes ensinamentos no meu quotidiano.
Sinto-me equilibrada, mas mais importante sinto-me LIVRE!