Internet: sim ou não?
Quando ouvi falar da internet desconfiei, mas em conversa com os meus colegas de trabalho, fizeram-me ver que era uma mais valia a muitos níveis. O meu filho adolescente também me andava a pedinchar já há algum tempo e eu lá acedi.
Em casa quem passava mais tempo ligado era certamente o meu filho. Eu e o meu marido era apenas para situações de trabalho e para ir consultando a imprensa diária. De repente, o meu filho deixou todas as actividades extra curriculares que tinha. Deixou de receber amigos em casa e passava os dias trancado no quarto. Eu ia sempre avisá-lo para se deitar cedo, mas era eu quem não conseguia manter-se acordada para controlar a situação. Avisei-o que se as notas da escola baixassem, ficaria logo sem internet. Mal sonhava eu que ele já era um viciado.
Mas as notas lá se iam mantendo, por isso não tinha por onde pegar. Os anos foram decorrendo, até que ele ingressou na faculdade. O curso era exigente e ele tinha que fazer diversos trabalhos. A verdade é que eu não conseguia distinguir se ele estava na internet por necessidade ou por lazer. Nunca me vou esquecer do dia em que abro a porta do quarto para lhe desejar boa noite e o encontro estendido no chão inanimado.
Em pânico, chamei o INEM e o diagnóstico clínico dava conta de um esgotamento nervoso. Ficou internado alguns dias e foi quando me contou que estava viciado na internet e que se mantinha acordado à base de bebidas energéticas que trazia para casa às escondidas. Os médicos aconselharam-nos a procurar um tratamento de longa duração para resolver a situação e na internet descobrimos o site do centro.
Ele não estava muito convencido, mas fomos visitar o centro e depois de ter convivido com alguns pacientes, ficou maravilhado. Deu entrada de imediato e sempre que o visitava notava imensas melhorias. Regressou à música e ao futebol. Tinha amigos e desenvolveu o gosto pela leitura. Meses depois regressou e voltou a estudar. Receava que não conseguisse usar a internet moderadamente, mas estava outro. O meu filho renasceu e tornou-se uma pessoa responsável, com auto-estima e com um enorme leque de amigos.
Vou ficar eternamente agradecida ao centro que me trouxe o meu filho de volta.