Preso na rede
Eu e o meu irmão sempre gostámos de andar pela internet. Chegávamos a ter grandes conversas nos chats, mas eu como sempre fui de dormir mais, acabava por desligar o computador mais cedo. O certo é que de manhã ele ia sempre cheio de sono e nas aulas não se conseguia concentrar. Depressa começou a faltar, principalmente às aulas da manhã.
As chamadas do director de turma para casa eram uma constante, mas ele sempre dava a volta aos meus pais… O problema é que estava cada vez mais viciado na internet, isolava-se por completo, acabando por perder todos os amigos e até a nossa amizade entrou em ruptura. Fazia-me confusão como é que ele substituía as relações pessoais pelas virtuais.
Com as noites mal dormidas, andava sempre com mau humor e completamente desnorteado, tornando-se mesmo agressivo em casa. Começou a perder anos atrás de anos e os meus pais tiveram que meter uma mão no assunto. Já ninguém o reconhecia.
Tivemos conhecimento que neste centro de tratamento tratavam pessoas com esta adição. Ele não queria, mas lá teve consciência de que só voltava a ter uma vida equilibrada com ajuda terapêutica. Foram meses intensos, mas em que o meu irmão voltou a ter objectivos e a ser uma pessoa alegre e sociável. A nossa relação ficou melhor que nunca e é inspirador ver o brilho nos olhos que ele hoje tem e tudo graças a este centro, que esteve e continua a estar presente…