Auto-medicação nunca mais!

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Anónimo

Nunca pensei que alguém pudesse ficar adicto a medicamentos, pois sempre os encarei como uma maravilha da medicina. Só que por mais que eu quisesse ver, não admitia quer a minha mãe era dependente.

Eu via que ela tomava muitos comprimidos, de diversas formas e feitios, para os mais variados tipos de problemas. Só que na verdade nem esses problemas ela tinha. Era tudo da cabeça dela. Nas horas das refeições, lá vinha ela com uma caixa cheia, onde estavam divididos por formatos. No total, chegava a tomar 23 por refeição.

Eu achava aquilo um exagero, mas ela dizia que era a médica que a obrigava e eu, ingenuamente, acreditava. A situação foi-se arrastando e ela tornou-se mesmo a melhor cliente da farmácia, com contas astronómicas, que nem o ordenado dela era suficiente para pagar.

Começou a acumular dívidas em todas as farmácias da zona. Como ela me dizia que todos os medicamentos que comprava eram essenciais para a sua sobrevivência, eu pagava as contas. Mas ela exagerava tanto, que em vez de controlar as doenças, estas é que lhe começaram a aparecer.

Quando foi à médica, esta nem queria acreditar no exagero de medicamentos que ela tomava. Ficou mesmo horrorizada e proibiu-a de os consumir. Mas a minha mãe de tão teimosa que era e de tão viciada que estava, continuava a tomar às escondidas. Tudo isto culminou numa trombose. Foi parar a uma cama de hospital e ficou ficado paralisada da parte direita da face.

Tal foi o susto que me implorou ajuda. Eu como já a conhecia muito bem e sabia que com ela não iria resultar um tratamento “leve” ou apenas a ajuda de um psicólogo, pois já eram mais de 25 anos de dependência de medicamentos.

Após alguma pesquisa encontrei este centro. Ela foi ver as instalações e conhecer o staff contrariada. Depois, o facto de ter que ficar seis meses internada, ainda piorou a situação. Mas no final do dia já estava completamente rendida a tudo e a todos. Uma semana depois estava a dar entrada.

Foi engraçado, porque devido à idade criou uma grande ligação com os pacientes, sentindo-se a mãe deles. Acredito que a cumplicidade que se criou ajudou-a a seguir o tratamento à risca. Conseguiu perceber que podia levar uma vida equilibrada sem ter que se “esconder” sobre o efeito dos medicamentos.

Assim, passou apenas a tomar os essenciais para a vida, todos prescritos pela médica. Além disso ganhou mais uma família e eu também, já que continuamos a ir ao centro, assiduamente, nem que seja para fazer do caso da minha mãe um exemplo para pacientes que sofram da mesma adição.

Aqui começámos uma nova vida, uma vida feliz!!!

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