Adicto ao Jogo
É incrível o poder que um vício pode ter e eu que o diga, que tive um marido adicto ao jogo por mais de sete anos. Há coisas que acontecem na vida que não se conseguem explicar e esta adição é uma delas.
O meu marido era o meu grande amor. Tínhamos uma vida que muitos consideravam de perfeita. Sempre em plena harmonia, raras eram as discussões entre nós. Se a nossa relação já era forte, então com o nascimento do nosso filho, ficou sólida que nem uma rocha. Muitas vezes pensava na sorte que tinha, maldita a hora em que pensava assim.
Ele passava cada vez menos tempo em casa e eu chamava-lhe à atenção, só que dizia-me que o trabalho assim o exigia. Eu que por esta altura estava desempregada aceitava. Um dia chegou a casa uma carta de uma instituição de crédito com uma nota de liquidação no valor de 27 mil euros.
Nem queria acreditar, pelo que liguei para o apoio a clientes e fiquei a perceber que muitos tinham sido os empréstimos cedidos por aquela instituição ao meu marido. Quando ele chegou a casa confrontei-o, mas mentiu-me com uma desculpa esfarrapada, "foi para resolver alguns problemas lá no trabalho". Inocente acreditei.
Passado um tempo fui ao banco fazer um levantamento de uma conta poupança que tinha, onde estava parte da herança deixada pelos meus pais. Só que já não tinha lá nada, o meu marido falsificou a minha assinatura e levantou tudo. Mais um confronto, mais mentiras.
Decidi segui-lo num suposto jantar de negócios e encontrei a resposta para o desaparecimento de tanto dinheiro, ele estava adicto ao jogo. Ai já não me conseguiu mentir. Ameacei sair de casa com o nosso filho, mas ele prometeu recuperar.
Após 5 meses e tal de tratamento estava outro. Dedicou-se a mim e ao filho. Continua a recorrer ao apoio do centro sempre que se sente em baixo e tem feito um esforço gigante para não recair.
Sei que não tem sido fácil para ele, mas com a sua nova atitude humilde lá vai pedindo ajuda e seguindo sugestões e até eu aprendi a seguir a máxima: um dia de cada vez.