Internamento para a Depressão
É normalmente quando a dor se revela demasiado grande e quando a depressão começa a tocar as raias do irreversível, que o depressivo ou a sua família procuram um centro de tratamento com internamento para a depressão.
Muitas vezes, esta alternativa aparece como a derradeira tentativa, a esperança final.
Quando se chega ao internamento para a depressão, é porque já se ultrapassou o mito de que bastaria a força de vontade ou o desejo firme e resoluto de vencer a doença para a aniquilar ou controlar.
Aqueles que o rodeiam, nas suas boas intenções, dizem ao depressivo que este tem de reagir, de se animar, de fazer e de acontecer.
Porém, não conhecem a dimensão da impotência do depressivo para concretizar o que lhe pedem.
O internamento para a depressão é a oportunidade, eventualmente irrepetível, do paciente aprender a exteriorizar os seus sentimentos (mormente a raiva, que é uma das origens desta perturbação) e conquistar a (auto)aceitação pessoal, das circunstâncias do presente e do passado e de alcançar uma maior positividade ante os episódios da vida.
No internamento para a depressão, o paciente vai-se libertando da carga negativa através de terapias de grupo, de terapias individuais e também através da realização de vários trabalhos escritos que lhe são propostos, começando a ser conduzido para se centralizar não no seu problema, mas na solução do mesmo.
Por outro lado, e dado que se encontra a viver numa comunidade terapêutica – onde existem esta e outras adições – é “forçado” a dar-se também aos seus colegas, o que lhe permite soltar-se das suas próprias amarras e de alguma da sua solidão.
O facto deste modo de intervenção se virar para fora de si, ajuda-o a redescobrir a liberdade e uma satisfação interior que anuncia a possibilidade de enveredar por uma vida feliz.
Afinal, é preciso ter em conta que a depressão não é o destino, para quem não a queira adoptar como tal!...
Ao viver um dia de cada vez - o tão recomendado «só por hoje» - o depressivo percebe que não tem de resolver todas as pendências agora, já, num único dia... Assim o seu caminho fica mais claro e menos tenso.
Aos poucos, começa a ser capaz de falar nos grupos de terapia, começando a alojar-se no seu íntimo a autoconfiança e a autoestima, afastando a depressão.
Finalmente, o depressivo compreende que a sua experiência não é em vão e que ao resolver o seu problema, também ele/a pode ajudar outros que, como ele/a, mergulham nas trevas da depressão e não sabem dela sair.