Sintomas da Depressão

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Há quem confunda depressão com nostalgia, mas estas são coisas distintas, pelo menos na intensidade e nas suas consequências.

A nostalgia, como definiu alguém, é «a alegria de estar triste» e prende-se frequentemente com a saudade, é uma circunstância passageira que não interfere com o quotidiano.

A depressão, por seu lado, é um estado de rebelião contra o vazio que enche as almas. Sem pedir licença, a tristeza, motivada por algum agressor ocasional ou por um estado crónico de insatisfação, vai estendendo os seus tentáculos sobre a existência do indivíduo. Pouco a pouco, a vida perde a cor e a vontade de viver extravia-se. A alegria de viver dá origem a uma espécie de “alergia de viver”. Então, o doente depressivo fecha-se sobre si mesmo, de preferência num sítio escuro, de corpo inerte numa cama, isolado de um mundo que o faz sofrer.

É vulgar definir-se a depressão como um sentimento de pena por si próprio (autopiedade), um sintoma de raiva reprimida ou um mecanismo de defesa a que se recorre para fugir de realidades mais complexas. Esta doença não intervém apenas no estado de espírito da pessoa, perturbando também os seus pensamentos, atitudes e todo o corpo, intervindo até na forma de comer e dormir. O rendimento nos estudos ou no trabalho fica comprometido, a aparência passa a ter pouca ou nenhuma importância, instala-se uma incapacidade crónica de responder a estímulos e ataques de choro repentino e convulsivo, sem motivo aparente, tornam-se parte da rotina. As decisões tornam-se fardos pesadíssimos, o sentido de humor desaparece e vão ganhando terreno as ideias erróneas – que para o próprio constituem verdades irrefutáveis – acerca de si mesmo. As faltas de memória, a ansiedade, uma certa náusea de viver, a apatia, a irritabilidade, a culpa, a desesperança, o vazio, o medo e a culpa são características transversais a qualquer depressivo, independentemente do tipo da sua depressão: endógena, exógena, pós-parto...

A depressão pode apresentar-se de forma mais subtil ou mais agressiva, com maior ou menor duração, mas a tendência para o isolamento e a convicção de que ninguém se importa e de que o mundo estaria melhor prescindindo de alguém assim assumem, na cabeça do indivíduo em depressão, proporções de (quase) impossibilidade de continuar a existir. Por isso – e as estatísticas não mentem – numa grande percentagem de suicídios consumados ou tentados, constata-se a presença de sinais evidentes de depressão. As atitudes destrutivas são uma consequência lógica de quem acha que não merece viver. Ainda assim, e por muito envolvente que possa ser, a depressão não é uma vida toda, é apenas uma doença que pode ser tratada para que não venha a ter a última palavra.

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