Internamento para a Dependência do Sexo
Primeiro compreender, depois agir na mudança.
Esta mudança é exatamente a proposta-base do internamento para a dependência do sexo.
Numa ambiência totalmente distinta da sua, o paciente é desafiado a encontrar-se consigo mesmo, com o outro que ele costumava “objetizar”, com a vida como ela é e com o bom e o mau que há em tudo.
O adicto ou dependente é também instigado a perceber em que medida é capaz de partilhar com os outros pequenos nadas que se tornam tudo, tanto para ele como para os outros, durante o tratamento e pela vida fora.
De repente, a dimensão das coisas altera-se e a respetiva visão do mundo que o rodeia muda.
Entra, na verdade, em contacto com outro mundo, com valores adormecidos, com prioridades insuspeitas, com uma realidade menos ameaçadora.
Paralelamente, a atenção do paciente dispersa-se, necessariamente, pelos colegas, pelas terapias individuais e de grupo, pelos trabalhos escritos e de leitura, pelas tarefas, pelo desporto e por atividades que já nem se lembrava que existiam e das quais poderia retirar tanto prazer e diversão.
Deste modo, a obsessão tem menos campo de ação; estar constantemente a pensar no mesmo é o caminho mais seguro para o perpetuar na memória.
No internamento para a dependência do sexo, o adicto terá apoio profissional para mapear um roteiro do seu problema: frequência, local(ais), potenciador(es)…, para pensar nos motivos que, a montante, podem contribuir para que aconteça o desvario e, sobretudo, para perscrutar as causas mais íntimas e, quiçá, distantes no tempo.
Enquanto em alguns casos o internamento para a dependência do sexo deriva da necessidade de contenção de riscos, noutros o objetivo principal é o desvio de intenções suicidas, podendo ainda noutros casos ser a completa rutura do indivíduo com tudo o que o rodeia que dá origem ao internamento.
Seja como for, o que importa é explorar e entender os sentimentos e tentar perceber qual a melhor forma de lhes dar voz.