Auto-mutilação perdeu

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Anónimo

Tenho a agradecer a este centro de tratamento tenho a agradecer terem devolvido a vontade de viver à minha namorada.

Quando a conheci era uma rapariga muito sensível, calma, sem dar muito nas vistas, sem amigos, mas muito inteligente e interessante. Quando a conheci a sua fragilidade atraiu-me de imediato. Começámos por ser dois bons amigos, éramos colegas de universidade, mas com o avançar do tempo, fomos ganhando confiança e começámos a namorar.

Acreditem que não foi fácil, porque ela era muito desconfiada. A relação ia evoluindo, mas sem grandes intimidades. Fazíamos as coisas normais de um casal: ir ao cinema, passear junto ao mar, ir jantar fora… Só que sempre que eu fazia algum avanço mais íntimo, ela cortava de imediato, inventando um rol de desculpas, ora era dor de cabeça ora era má disposição…

Eu lá ia aceitando a situação, até que um dia a confrontei sobre os sentimentos que tinha por mim. Ao ver-me tão desconfiado, desatou a chorar e confessou a verdade: há vários anos que cortava a barriga com um x-acto. Foi um choque e disponibilizei-me a ajudá-la. Fomos a um psicólogo de renome, mas mesmo assim ela continuava a cortar-se e tentava mentir-me, só que já a conhecia tão bem, que via logo que a situação não tinha parado.

Assim, encostei-a à parede: ou os cortes ou eu. Foi como se algo despertasse dentro dela e bendita a hora em que tomei essa atitude de amor firme.

Levei-a ao centro de tratamento e depois de passarmos lá um dia, percebi que ali era o único sítio que a conseguiria ajudar. A despedida foi dolorosa, até porque tínhamos que estar separados por alguns meses, mas sabíamos que o nosso sentimento era mais forte que isso.

Quando ela regressou em definitivo a casa decidimos ir viver juntos e casar. Ela vinha uma pessoa muito diferente,com boa autoestima e confiança. Tinha ganho uma nova mulher e não podia estar mais feliz. Continuamos unidos e em breve nasce o primeiro fruto do nosso amor.

Um amor que só foi possível continuar graças a todo o apoio e coragem que ela teve de mudar.

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