Culpa da auto-mutilação
Se alguma vez me dissessem que eu iria ser uma pessoa que se auto-mutilava, dizia que só podiam estar a gozar comigo.
Só que a vida pregou-me uma partida e num acto de desesperado, sem saber lidar com tanta frustração, agarrei numa tesoura com o intuito de rasgar peças de roupa que já não me serviam, acabei por me cortar a mim. E não é que me aliviou?
Só que foi um alívio do momento que me veio a custar quase a vida. Quando tive um problema hormonal que me levou a aumentar de peso, completamente desesperada e após várias dietas falhadas, virei as minhas frustradas para uma tesoura. Cortava-me em todo o lado do corpo, mas principalmente nos pulsos. Deram comigo algumas vezes desmaiada, mas alegava quebra de tensão e a coisa lá ia passando.
O pior foi quando o meu filho de quatro anos deu comigo no chão, deitada sobre sangue. Aí não havia volta a dar e contei tudo à minha família. O aumento de peso com o nascimento do meu filho tinha-me destruído a auto-estima. Já estava num estado de auto-mutilação tão avançado, que só mesmo com internamento para me salvar.
E não me falharam, após seis meses estava de regresso a casa, mais forte e confiante do que nunca.
Hoje sou uma nova mulher, uma mulher grata por tudo o que este tratamento me deu a ganhar