Golpes de morte
Nunca soube lidar com as minhas frustrações.
Sempre que me sentia mais angustiada, fechava-me no meu quarto e auto-mutilava-me, ora com cortes de lâmina de gilette ora com queimaduras de cigarro. Sentia que ao ter dor, me estava a castigar por não ter conseguido aquilo que queria, era uma forma de punição.
No momento esse pensamento aliviava-me, mas depressa me culpabilizava por estar a ter tais actos. Assim, vivia constantemente num estado de culpa, que me angustiava e tirava as forças. Tinha sempre cuidado para não acertar em nenhuma veia importante, mas um dia o pior aconteceu. Atingi uma artéria, fiquei inconsciente e quando dei por mim estava numa cama de hospital.
Os meus pais, a quem sempre tinha omitido esta situação, ficaram em choque e pediram ajuda a este centro. Do hospital vim para aqui e foi o melhor que poderia ter feito. Aprendi a valorizar-me e a saber lidar com as minhas frustrações.
Aprendi que ninguém é perfeito e que por isso não o podia exigir de mim. Aprendi a dar valor à vida e a ser uma pessoa equilibrada. Aprendi que só aqui poderia aprender a viver!