A morte sentida
Chegar ao fim da nossa vida deve ser muito triste, pior ainda quando se é jovem e se tem tanto para dar.
Recentemente o meu melhor amigo perdeu a namorada de longa data, vítima de um cancro, tardiamente diagnosticado. Como sempre assisti à relação deles, consigo perfeitamente entender o desespero do meu amigo. Com tantos planos a dois que ficaram por fazer, com tantas coisas que ficaram por dizer e sentir…
Sem saber lidar com este sentimento de perda, passava os dias no cemitério a falar para a campa da namorada e do quarto fez-lhe um templo de adoração. Sem ter um sentido para seguir em frente, entregou-se ao sofrimento. Em menos de dois meses parecia ter envelhecido dez anos. Deixou de ter o brio pessoal do passado: barba por fazer, cabelo comprido, roupas sujas…
Eu que sempre o admirei, decidi procurar ajuda e foi aqui que o consegui trazer de volta à vida. Com alguma resistência inicial, lá se deixou ir e aos poucos o meu amigo estava de volta.
Apesar de ter terminado o tratamento apenas há dois anos, sei que já sabe lidar com a morte e que aprendeu uma lição de vida…