Ó tempo, volta para trás...
Muitas vezes não damos o real valor às coisas, mas o pior é quando não damos valor às pessoas.
Hoje, vários anos após a morte da minha avó, sinto cada vez mais a sua falta. Enquanto ela era viva, nunca lhe liguei muito e estava constantemente a refilar com ela. Não sei porque agia assim, mas penso que era a rebeldia da idade. Qualquer coisa que ela me dissesse, era motivo para me chatear com ela. E ela sempre tolerante, fazia de tudo para me agradar.
Nunca me vou esquecer da imagem dela estendida na estrada, depois de um carro a ter atropelado. Estava-me a preparar para a festa de anos da minha melhor amiga. Só nesse dia percebi o quanto ela era importante para mim. O processo de luto foi duro e mais duro ainda ter que ter coragem para apoiar a restante família que ficou em choque.
Anos depois ainda sentimos que estamos todos a fazer o luto. A minha avó era sem dúvida, uma pessoa muito especial e única. Dou por mim muitas vezes a pensar nela e o quanto fui injusta. Não tem sido fácil perdoar-me, mas já o começo a fazer, só que para tal tenho contado com o apoio dos terapeutas de VillaRamadas.
Sei que errei, mas por isso mesmo não posso voltar a fazer o mesmo. A verdade é que agia com os meus pais também de forma rebelde, mas já sou mais sensível e consigo ver mais além. Tenho é que lhes dar valor e muito amor, tal como eles fazem comigo.
E foi quando me apercebi destes comportamentos que decidi iniciar terapia de processo de luto. O certo é que me sinto mais equilibrada e em contacto com os meus sentimentos. Penso todos os dias na minha avó com carinho e recordo pequenos gestos que ela tinha comigo, tentando controlar as coisas más que lhe dizia.
Como é que pude ser tão “bruxa”?
Um dia destes, sonhei com ela. Um sonho bom que nunca vou esquecer. Quando acordei parecia tudo real, tinha estado com ela. Não consegui controlar o choro de alegria.
E é esta alegria que quero guardar no meu coração…