Vida sem sentido
A morte da minha mãe deixou o meu pai de rastos. Habituados a serem a companhia um do outro, quando ela lhe faltou, parece que deixou de saber viver.
Foi uma morte dolorosa, que ainda me custa a falar dela. Só que eu tinha os meus filhos e marido para me apoiarem, o meu pai estava sozinho, tanto eu como os meus irmãos já saímos de casa.
Eram um casal mega animado, sempre em festas, excursões e jantaradas com os amigos. Os 30 anos de casamento tinham sido muito felizes. A partir do momento em que se viu sozinho, o meu pai ficou desnorteado, sem saber fazer nada em casa sozinho.
Deixou de sair e não queria estar com ninguém. Aos poucos a imagem dele definhava e envelhecia.
Eu e os meus irmãos pedimos-lhe para ir ter ajuda, porque ainda era novo para se deixar andar assim. Esgotado, deu entrada em VillaRamadas, inicialmente só para ganhar força por um mês, mas sentiu que o tratamento lhe estava a fazer tão bem que ficou por seis meses.
Regressou a casa e meteu logo mãos à obra e apesar de ainda sentir muito a falta da minha mãe, já consegue sobreviver e viver.