O TOC limitou-lhe a vida
A minha mãe sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo há mais de 20 anos e só se conseguiu libertar graças ao tratamento que fez nesta clínica.
Depois de ter casado com o meu pai, começou a ficar agitada e a ter comportamentos que até então não tinha. No início, ainda se pensou que as coisas tivessem despoletado, devido ao facto de ter deixado de trabalhar para cuidar da casa e da família.
Tornou-se completamente obcecada pelas limpezas, tinha que estar sempre tudo alinhado e arrumado, em sequências que ela criava. Se alguém modificava algo, era logo discussão certa. Coisas simples, passaram a ser uma complicação para ela. Até quando íamos sair, ela demorava mais de duas horas, porque tinha que lavar-se muito bem, ter a roupa toda impecável e sem vincos.
Maquilhar-se tinha um ritual: seguia uma ordem específica, em que tudo estava controlado ao mais ínfimo pormenor, até as pinceladas de blush era contadas. Nunca estava parada e a agitação dela passava para a restante família. Viver com ela começou a ser um martírio.
Disse-lhe imensas vezes que ela era "maluca". Sei que fui inconsequente e, de seguida, arrependia-me sempre. O meu pai raramente estava em casa, as viagens em trabalho eram cada vez mais constantes, o meu irmão foi estudar para o estrangeiro, tendo ficado eu e ela.
Comentei tudo isto com o meu namorado, que por acaso era psicólogo e ele identificou de imediato o problema da minha mãe, sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo. Nem queria acreditar. Depois de alguma pesquisa, percebemos que ela estava num estado tão avançado que necessitava de um tratamento demorado.
Levei-o a minha casa e deixei-o falar com a minha mãe. Nunca me vou esquecer daquele dia. Depois de o ouvir, não proferiu nem uma palavra e desatou a chorar compulsivamente. Falámos com toda a família e deu entrada na clínica. Foram seis meses complicados, mas era animador sempre que a visitava ou que ela vinha de break a casa, os avanços eram notórios.
Terminado o tratamento, traçou objectivos, inscreveu-se em actividades e começou a reunir com doentes que sofrem de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Hoje sente-se revigorada. Talvez o facto de ter deixado uma vida activa, para se dedicar à família tenha despoletado algo nela. Mas o que despoletou já foi controlado e consegue levar uma vida normal. Quando sente que está mais em baixo, liga logo para os terapeutas a pedir ajuda. O certo é que a minha mãe voltou a sorrir de novo e não há nada que pague isso.
Aqui ela encontrou um novo caminho para a vida e eu encontrei uma nova mãe. Se milagres acontecem, esta clínica é especialista em fazê-los.
Gratidão é só o que posso dizer mais, muita mesmo!