Tratamento da Automutilação
No tratamento da automutilação, o mais importante é a terapia cognitivo-comportamental, que permite descobrir e trabalhar a origem do problema.
Independentemente de não se saber se quem sofre mais com a automutilação (cutting) são os rapazes ou as raparigas, certo é que as grandes vítimas se encontram, geralmente, na fase da adolescência, a idade das emoções.
O tratamento da automutilação visa facultar formas de a pessoa ultrapassar momentos de angústia de uma maneira mais adequada e construtiva, concedendo-lhe o apoio técnico de que precisa para que, a própria, seja capaz de descortinar alternativas viáveis para uma vida saudável e feliz.
A ajuda profissional jamais suprime a responsabilidade da pessoa por ela própria, pela condução da sua existência e pela sua felicidade!
Esta responsabilização é o que, a curto prazo, lhe devolverá a tão ansiada autoestima.
No tratamento da automutilação, o paciente beneficia de um ouvido especializado que subsidia uma reflexão acerca do seu sentir e agir, auxiliando a estruturação de respostas equilibradas a episódios mais penosos do próprio viver.
A dor emocional torna-se mais tolerável quando se dá um nome a essa emoção.
O desafio consiste em delimitar a sua fronteira sem que a pessoa se zangue irremediavelmente com ela mesma e/ou com o mundo que a rodeia.
A conspiração do silêncio alimenta a ignorância e é terrível no que toca a identificar os sinais que poderiam evitar a automutilação e o suicídio.
Esta, por seu lado, cultiva a inaptidão para ajudar. É sempre mais fácil negar, desvalorizar e silenciar.
Os incómodos resultantes de uma tomada de consciência do problema são, amiúde, rejeitados, até no subconsciente.
Apoiar, pelo contrário, pressupõe abertura e a capacidade de valorizar sintomas – como um decréscimo evidente do desempenho escolar e o isolamento social – e de falar sobre o assunto.
É motivo de orgulho e de descanso para os pais que um jovem não goste de sair à noite, porque estará afastado de um ambiente em que se bebe, fuma e até se pode consumir outro tipo de substâncias, para além de não arranjar problemas. No entanto, a recusa do convívio com gente da sua idade e a falta de amigos podem indiciar que algo não está bem.
Quando se vem a descobrir o que não anda a correr da melhor forma, o indivíduo está já, muitas vezes, obcecado pela tortura do seu corpo.
A automutilação pode aparecer imiscuída com sintomas de depressão e de fobia social.
Na sua génese, está um sofrimento contínuo e um desespero persistente.
Há todo um historial de tristeza intensa e prolongada, descrença absoluta em si, nos outros e na vida, perturbações do sono e do apetite, culpa e, por vezes, ideias de suicídio expressas em palavras.